Últimas chuvas não são suficientes para aliviar quadro de seca no interior

    Safra comprometida e falta de água para consumo humano e dos animais configuram situação de seca no CE
Quixadá. O tempo ficou nublado, até choveu em algumas áreas do Sertão Central e Inhamuns mais castigadas pela estiagem, mas o quadro continua o mesmo na região. Faltam chuvas para a produção de legumes. As cisternas estão sem água e os barreiros secando. Os plantios estão comprometidos.
    Os agricultores insistem no fornecimento de cestas de alimentos, liberação do Garantia Safra e mais carros-pipa para saciar a sede nas comunidades. Pretendem continuar as mobilizações, sensibilizar os governantes e assegurar o amparo emergencial o mais rápido possível. Para quem depende da chuva, o quadro é mesmo de calamidade.
    Até o último sábado, Defesa Civil do Ceará havia recebido comunicação de quatro Municípios decretando Estado de Emergência em razão da seca. Capistrano, Ibaretama, Monsenhor Tabosa e Quiterionópolis. Além destes, Quixeramobim e Madalena também haviam encaminhado os formulários de Avaliação de Danos (Avadan) para a Defesa Civil Nacional. Choró deverá ser o próximo da lista. Pelas estimativas das lideranças sindicais da região, outros 20 Municípios devem fazer o mesmo até o fim do mês.
    No Município de Choró, dezenas de trabalhadores rurais se concentraram diante do Centro Administrativo da Prefeitura. Segundo a secretária do escritório regional da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Juraci Santiago, após reunião com o prefeito Antônio Mendes, mais conhecido por Dé, técnicos do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) certificaram, por meio de laudo, a perda de 65% dos plantios. Foi o passo necessário para a decretação de Estado de Emergência no Município. A chefia de gabinete da Prefeitura confirma o prejuízo.
    O clima continua tenso entre os lavradores. Enquanto centenas invadiam a Prefeitura de Canindé na manhã de ontem, outros pensavam em voltar a ocupar a sede municipal de Madalenas. Boa parte das reivindicações feitas pelas lideranças sindicais não haviam sido atendidas. Apenas em Quixeramobim, as solicitações estavam sendo encaminhadas. Mesmo assim, o coordenador do Conselho Municipal de Defesa Civil (Comdec), Marcos Machado, demonstrava preocupação. Os caminhões da Operação Pipa pararam no último sábado. Até o encerramento desta edição a equipe da 10ª Região Militar do Exército, responsável pelo programa no Estado, não havia se manifestado a respeito da suspensão.
    Acerca do desespero dos trabalhadores e gestores públicos municipais em solicitarem a decretação de emergência, a assessora técnica da Defesa Civil do Ceará, Ioneide Araújo, informou não haver necessidade para antecipação da medida.
    De acordo com o calendário oficial do Ceará, o período da quadra invernosa se estende até junho e, por enquanto, os governos estadual e federal estão suprindo as demandas decorrentes dos problemas causados pela estiagem. Os carros-pipa continuarão abastecendo as comunidades, e o Garantia Safra deve estar sendo liberado, propiciando alimentação para as famílias.
Situação crítica:
    Todavia, a representante da Defesa Civil estadual reconhece o quadro crítico no Interior do Ceará. Na avaliação dela, além de Quixeramobim e Madalena, onde inclusive os trabalhadores já se manifestaram, em Santa Cruz do Banabuiú, também conhecida por Cruzeta, no Município de Pedra Branca, e na localidade de Cipó dos Anjos, em Quixadá, a falta de água preocupa ainda mais. A maior parte da região de Mombaça também entra na lista, mas a tensão social não ajuda a resolver os problemas, segundo avalia a assessora técnica da Defesa Civil.
    Quanto às chuvas, de acordo com a técnica da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a meteorologista Claudia Rickes, a Zona de Convergência Intertropical (ZCI), um dos principais fatores da formação das precipitações no Ceará, está se aproximando do litoral.
    As precipitações devem se acentuar, inclusive mais ao centro do Estado. "As chuvas vão cair, mas acompanhadas de veranicos", alerta. A região apresenta sintomas convectivos de média escala. Esse fenômeno forma nuvens isoladas, distribuindo as chuvas de forma irregular.
    "Amanhã, meteorologistas de todo o Pais estarão reunidos para avaliar o quadro de chuvas", acrescentou a especialista da Funceme.
Sobre o número exato de solicitações e situação dos pedidos de decretação de       Estado de Emergência no Ceará, a Secretaria Nacional de Defesa Civil, exigiu o envio de email para prestar as informações. Porém até o fechamento desta edição, os dados não foram informados.
CHUVAS NO CEARÁ:
Municipio mm
Meruoca .......................................................81
Santa Quitéria............................................49
Caucaia..........................................................36
S. Gonçalo do Amarante........................32
Granja............................................................29
Itatira.............................................................27
Itarema.........................................................22
Crato..............................................................22
Ibaretama...................................................21
Choró.............................................................21
Altaneira......................................................20
Alcântara.....................................................20
Itapipoca......................................................19
Maranguape...............................................17
Pentecoste...................................................16

Fonte: Funceme

Mais informações:

Funceme

Telefone: (85) 3101.1117
Cogerh
Telefone: (85) 3218.7020
Defesa Civil: 199/ Ciops 193

ALEX PIMENTEL

COLABORADOR
Fonte: Diário do Nordeste

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