Militares do Exército estão, na manhã desta segunda-feira, em frente à Assembleia Legislativa da Bahia, onde desde quarta-feira estão
concentrados homens da Polícia Militar que fazem uma greve no estado. O
objetivo é a desocupação do prédio. Cerca de 600 soldados do Exército,
além de homens da Polícia Militar, da Coordenadoria de Operações
Especiais da Polícia Civil baiana e da Polícia Federal fazem um cerco à
Assembleia. O reforço conta até com tanques.
O
Coronel Márcio Cunha, porta-voz da 6ª Região Militar, informou que o
que se quer é "isolar a Assembleia Legislativa com a finalidade de
permitir o livre acesso de pessoas a essa área, a realização de
negociação para a desocupação da Assembleia e a execução de mandados de
prisão expedidos pela Justiça". Segundo ele, a ação é respaldada pelo
artigo 142 da Constituição e da Lei Complementar 97/99.
Os militares também pretendem 12 homens considerados líderes da
paralisação, que estão com mandado de prisão expedido pela Justiça. Um
deles é o presidente da Associação de Policiais, Bombeiros e de seus
familiares (Aspra), o soldado Marco Prisco. Os grevistas, muitos deles,
armados e usando touca ninja, prometem resistir. Há mulheres e crianças
entre os ocupantes do prédio. No início da noite de domingo, a luz foi
cortada no prédio, e Marco Prisco pediu aos grevistas para resistirem,
mas recomendou que não usassem armas de fogo.
Quarenta homens do Comando de Operações Táticas, a "tropa de elite"
da Polícia Federal (PF) estão na cidade. Quatro blindados do Exército,
do tipo urutu, circulam pelas ruas de Salvador.
Na noite de domingo, Prisco desceu a rampa da Assembleia e disse aos
manifestantes ter recebido uma contraproposta do "coronel Castro", que
contemplava anistia para todos os policiais, pagamento parcelado de dois
tipos de gratificação e a revogação de 11 dos 12 mandados de prisão
expedidos pela Justiça, menos o dele. A proposta foi rejeitada pelos
manifestantes.
Nos seis primeiros dias de greve, o número de homicídios em Salvador e
Região Metropolitana aumentou 129% em comparação ao mesmo período da
semana anterior. Cerca de 450 escolas da rede privada devem continuar em
férias forçadas. Na rede pública estadual, cerca de um milhão de
estudantes e 40 mil professores voltam às aulas nesta segunda. O
secretário de Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, garantiu que o
retorno escolar ocorrerá normalmente em função da presença de homens do
Exército e de policiais militares não amotinados.
A estimativa inicial do governo é que cerca de dez mil policiais do total de PMs tenha parado.